Sažetak (portugalski) | A língua árabe deixou uma grande marca no turco e no português, mas em circunstâncias diferentes. O foco deste trabalho é precisamente o impacto do árabe nesses dois idiomas. O trabalho envolve a análise de duas obras literárias, "Ensaio sobre a cegueira" de José Saramago, em português e "Kafamda bir Tuhaflık" de Orhan Pamuk, em turco, bem como as suas traduções do português para o turco e vice-versa. Analisando 30 páginas de texto para cada obra, processaram-se os dados para nos fornecer informações sobre a presença do léxico árabe nesses dois idiomas e da sua divisão por campos semânticos.
O grande impacto da língua árabe no turco pode ser mais claramente observado no turco otomano, que era uma mistura linguística de árabe, persa e turco, e, portanto, atuou como intermediário na transferência de elementos lexicais do árabe para o turco contemporâneo. Dado que o árabe e o turco têm fortes pontos de contacto geográfico, religioso e social, não é surpreendente a presença de empréstimos árabes no turco. No entanto, o árabe também se expandiu para o território de Portugal, incorporando-se à língua portuguesa, sob circunstâncias completamente diferentes devido ao facto do teritório ter sido invadido. Isso envolve utilizadores muito diferentes dessas duas línguas, que não compartilham cultura, religião ou proximidade geográfica, mas sim uma história de contacto devido à conquista da Península Ibérica e à eliminação dos Visigodos pelos Mouros. Portanto, trata-se de dois casos completamente distintos: a adoção espontânea de elementos da língua árabe no turco e a adoção devido a invasão, e do árabe no português. Este trabalho dedica-se à análise dessas duas situações de contacto linguístico e os seus resultados, comparando as circunstâncias da integração de elementos da língua árabe no turco e no português. O impacto da língua árabe em outros idiomas é particularmente evidente no contexto religioso, tratou-se da língua do Alcorão. Embora o turco seja uma das línguas contemporâneas com um número significativo de empréstimos de origem árabe, há uma notável escassez de informações sobre a relação árabe-turca em comparação com a relação árabe-portuguesa, que possui uma quantidade significativamente maior de trabalhos académicos e fontes.
Para melhor compreender a análise abordada neste trabalho, é necessário definir vários conceitos-chave para o seu entendimento, como, por exemplo, os contactos linguísticos, o contacto sociolinguístico, os empréstimos lexicais, a semântica e os campos semânticos.
Devido à interação cultural, histórica, económica e científica entre grupos nacionais ou linguísticos, naturalmente ocorrem contactos linguísticos. Kristal (1985:129) utiliza o termo "contacto" para se referir a uma "situação de continuidade geográfica ou grande proximidade social (e, portanto, influência mútua) entre línguas ou dialetos. O resultado de situações de contato pode ser refletido linguisticamente, no aumento do número de empréstimos, padrões de mudança fonológica e gramatical, formas mistas de linguagem (como crioulos e pidgins) e um aumento geral no bilínguismo de várias formas".
O.S. Ahmanova define o termo "contactos linguísticos" como o contacto entre idiomas que ocorre devido a condições geográficas, históricas e sociais específicas, resultando na comunicação entre comunidades de diferentes filiações linguísticas.
A sociolinguística é - como o próprio nome sugere - uma disciplina interdisciplinar, tanto em termos de conteúdo quanto em termos de metodologia, situando-se entre a sociologia e a linguística. Em termos de conteúdo, isso acontece porque a linguagem é primariamente vista como um fenómeno social, ou seja, um reflexo sociocultural, enquanto, em termos de metodologia, é amplamente baseada na valorização da empiria, ou seja, no reconhecimento de que a realidade linguística de uma comunidade de falantes é a base de toda a pesquisa sociolinguística.
A sociolinguística é um ramo da linguística que considera a linguagem como um fenómeno cultural e social. Ela investiga a relação entre linguagem e sociedade e está intimamente ligada às ciências sociais, especialmente à psicologia, antropologia, geografia humana e sociologia.
Nas pesquisas de contacto linguístico, um lugar central é tradicionalmente dado aos empréstimos lexicais. Devido à considerável abertura do sistema lexical e à função principalmente denotativa das palavras, a incorporação de elementos estrangeiros ocorre mais frequentemente nesse nível. Nos contactos linguísticos, o léxico é geralmente emprestado primeiro, e somente em casos de contacto prolongado e intenso ocorre a adoção de fonemas, morfemas e características sintáticas. Quanto mais longo for o contacto linguístico, maior a probabilidade de empréstimo de elementos linguísticos específicos.
J. Bechert e W. Wildgen (1991:77) mencionam três motivos básicos para o empréstimo lexical. O primeiro é atender às necessidades linguísticas, ou seja, quando um novo objeto entra na língua, também entra o seu nome. Outro é que os empréstimos de palavras estrangeiras podem também ocorrer devido a tendências de moda. E o terceiro motivo envolve a substituição da língua original.
Partindo do entendimento de que as palavras não são emprestadas apenas para nomear novas entidades, mas que o empréstimo pode ser motivado também pelo valor conotativo e emocional das palavras, E. Andrić (1996) enumera as seguintes razões para o empréstimo lexical: nomear novas coisas e conceitos, adotar palavras estrangeiras em prol de uma expressão precisa (por exemplo, terminologia técnica), expressar pertença a um grupo com interesses comuns, expressar proximidade e intimidade (por exemplo, anglicismos na fala dos jovens ou na gíria dos hackers), facilitar a comunicação (por exemplo, terminologia de computação em inglês), chamar a atenção dos ouvintes e leitores (por exemplo, empréstimos em manchetes de notícias), desejar maior diversidade na língua, mas ainda devido a uma falta de cultura linguística e descuido, ao desejo de identificação e imitação de uma pessoa famosa, uma falta de conhecimento de uma palavra da língua de origem adequada, uma falta de compreensão do significado preciso da palavra estrangeira e, portanto, a impossibilidade de substituí-la por uma palavra na sua língua adequada e uma adaptação consciente ao nível da expressão do interlocutor.
A disciplina linguística que lida com a descrição do significado na linguagem é designada de semântica.
O empréstimo cultural preenche lacunas lexicais na língua e adquire palavras que expressam novos conceitos relacionados com a cultura da língua de origem. Durante o empréstimo íntimo, que ocorre numa comunidade bilingue, também são adotadas palavras para as quais existem equivalentes na língua de destino, portanto, a análise da presença de empréstimos em campos semânticos específicos indica a intensidade do contacto, tanto cultural quanto linguístico. O termo "campo semântico" no contexto da pesquisa das línguas de contacto refere-se a um "conjunto de palavras que denotam conceitos relacionados, todas relacionadas a uma área específica da consciência humana".
Para fins da análise realizada neste trabalho, os campos semânticos são determinados com base nos estudos de Barbara Štebih Golub no seu livro "Germanizmi u kajkavskome književnom jeziku" e de Ivana Brač e Tomislava Bošnjak Botica no seu artigo científico "Semantička razdioba glagola u bazi hrvatskih glagolskih valencija".
O turco contemporâneo formou-se com base na língua dos povos Oguz (os seus descendentes incluem Turcos, Azerbaijanos, Turcomanos e, em parte, Gagaúzes), que tiveram um estado liderado pela dinastia Seljúcida durante o período do século XII ao final do século XIII.
Iniciando uma invasão a partir de leste nos séculos XI e XII, as tribos Oguz colonizaram gradualmente a Anatólia (Turquia). Os seus primeiros monumentos literários, escritos no chamado "turco anatólio antigo", datam do século XIII. Esse idioma é a base do turco contemporâneo, que na sua evolução passou pelos seguintes períodos:
1. Turco Antigo Anatólio (séculos XIII-XV).
2. Turco Inicial (principalmente o do final do século XV).
3. Turco Médio (do século XVII até meados do século XIX).
4. Turco Moderno Inicial (de meados do século XIX até à transição para o alfabeto latino em 1928).
5. Turco Contemporâneo.
Os mais antigos registros turcos preservados, cuja data de origem é conhecida com certeza e que podem ser atribuídos com segurança à origem anatólia, datam do século XIII e claramente precedem o surgimento do Principado Otomano. A dinastia Seljúcida, que governou a maior parte da Anatólia desde o final do século XI, não usava o turco para fins oficiais nem incentivava seu uso na literatura. Foi apenas no final do século XIII, quando os pequenos principados substituíram os Seljúcidas, cujos governantes não estavam ligados à corte persianizada dos Seljúcidas, que o turco começou a ser usado como língua de administração. Nesse período, se observa-se também o surgimento simultâneo do turco como língua literária, predominantemente de caráter religioso e didático, e frequentemente composta por traduções e adaptações do persa.
Existem evidências de que a forma escrita da língua turca oguz, diferente do turco escrito estabelecido no período dos Caracânidas, começou a desenvolver-se na Ásia Central pelo século XII. No entanto, os mais antigos registos preservados da Anatólia ainda mostram uma forte influência linguística da tradição escrita dos Caracânidas. Esses vestígios do turco oriental desapareceram por volta de 1300, o que coincide com o período de fundação do Principado Otomano. A partir desse período, os registos turcos da Anatólia foram escritos numa língua que pode ser totalmente classificada como oguz.
Quanto ao termo linguístico "otomano" ele refere-se a uma forma da língua turca que se tornou a língua oficial e literária do Império Otomano. Tratava-se de uma língua turca oguz ocidental que se desenvolveu na Anatólia após a chegada dos Turcos Oguz no período entre os séculos XI e XIII.
A partir do século XV em diante, quando a corte otomana e a elite governante adquiriram uma consciência do poder imperial, certos registos estilísticos começaram a surgir - especialmente para a correspondência oficial e a literatura de elite - nos quais a base turca estava quase "submersa" em elementos árabes e persas. Isso refletia a dominação do árabe e do persa na alta cultura islâmica e na educação que a elite otomana procurava imitar e promover. No entanto, os empréstimos não se limitavam apenas ao léxico.
O termo otomano não se referia apenas a questões políticas, mas acabou por se tornar a designação de uma língua durante o período das reformas conhecido como Tanzimat, que começou na metade do século XIX. Nesse período, houve tentativas de criar uma "identidade otomana" como base para o estado moderno otomano. O turco anatólio, como uma forma "mais pura" da língua turca, permaneceu como a língua dos pobres, ou seja, do povo, enquanto o turco otomano era a língua da corte e da elite que usava o árabe e o persa. Até então, o termo comum usado para a distinguir essa língua de outras era "türki" ou "türkçe". O turco não era ensinado nas madraças (escolas religiosas islâmicas), mas sim o árabe. Não havia dicionários do turco otomano, exceto para uso de estrangeiros, e não existiam gramáticas, com exceção de dois trabalhos escritos nos séculos XVI e XVII, que foram esquecidos até ao século XIX.
O turco moderno, sendo a última etapa do desenvolvimento da língua turca, é a variante contemporânea que persiste até aos dias atuais. Quando a República da Turquia foi fundada, uma das prioridades do primeiro presidente, Mustafa Kemal Atatürk, era a reforma da língua, que serviria como a base da nova nação. O objetivo principal era purificar o turco da influência árabe e persa. O uso do árabe tinha encontrado resistência no século XIX, principalmente entre os intelectuais que queriam substituir o alfabeto árabe pelo latino, argumentando que não se podiam expressar adequadamente com o alfabeto árabe. Sendo que os diplomatas otomanos também tiveram que recorrer ao uso do alfabeto latino na correspondência com diplomatas estrangeiros. Quando o alfabeto latino foi finalmenteadotado, houve mudanças significativas no campo linguístico. Em 1932, a Convenção Linguística Turca foi realizada com o objetivo de continuar a purificação da língua, o que não foi uma tarefa fácil. Embora a reforma da forma escrita da língua tenha sido muito bem-sucedida e seus resultados possam ser vistos no turco contemporâneo, a reforma do léxico não foi tão bem-sucedida. Embora o turco tivesse abandonado livrado em certa medida, um conjunto de palavras emprestadas do árabe e persa, ele ainda estava longe da purificação desejada.
Na primeira metade do século VII, a religião muçulmana estabeleceu-se e, com ela, cresceu o desejo árabe de expansão territorial e religiosa. Após conquistar territórios no Oriente Médio e no norte de África, os Árabes partiram para a conquista da Península Ibérica, onde chegaram em 711. Num curto período, eles conquistaram quase toda a península e com a conquista da Península Ibérica, chegaram também novos governantes, contudo pode-se dizer que a situação não foi necessariamente negativa para todos. A população local pôde manter as suas leis e juízes, e os conquistadores respeitaram os seus costumes e sistema de propriedade. Nem todos adotaram a fé muçulmana na Península Ibérica, e os Mozárabes, puderam manter a sua tradição, língua e religião. Além disso, desenvolveram-se dialetos moçárabes e, recentemente, foi descoberta poesia moçárabe, com temas como o amor e o sofrimento de jovens rapazes e raparigas.
A conquista árabe da Península Ibérica desencadeou a Reconquista (em português, "reconquista"), que envolveu a recuperação das terras perdidas e a expulsão dos Árabes da península. Na reconquista portuguesa, é importante mencionar a conquista de Coimbra em 1064, juntamente com Santarém e Lisboa, que foram libertadas em 1147. Évora foi libertada em 1165, e a reconquista portuguesa ficou concluída em 1249, quando Faro foi libertada. Com essa última conquista, as fronteiras de Portugal ficaram estabelecidas e permanecem praticamente inalteradas até hoje.
No que diz respeito à influência árabe na língua portuguesa, existem numerosos empréstimos em diversas esferas semânticas, incluindo a casa e habitação (por exemplo, "alcova" e "sala"), ferramentas (por exemplo, "almofaça," que significa escova para cuidar de cavalos), ofícios (por exemplo, "alfaiate"), vestuário (por exemplo, "marlota," que se refere a um casaco com capuz), indústria (por exemplo, "almofariz“), agricultura (por exemplo, "azenha," que significa moinho de água), plantas (por exemplo, "algodão“), frutas (por exemplo, "laranja"), medidas (por exemplo, "quintal," uma antiga unidade de peso, com aproximadamente 60 quilos), pratos (por exemplo, "açúcar"), bebidas (por exemplo, "xarope"), ciência (por exemplo, "álgebra") e instrumentos musicais (por exemplo, "atabaque," que é um tipo de tambor). Além disso, alguns adjetivos foram preservados, e é interessante notar o uso do vocativo de origem árabe "oxalá" (do árabe "ua xā illāh"). No entanto, no idioma turco existe um vocativo semelhante, "Inshallah". Em alguns topónimos portugueses, também podemos identificar arabismos, como Almada, Albufeira, Alcântara, Algarve, etc. Em relação a todos esses empréstimos árabes, é observável que muitos deles começam com o prefixo "al-" (ou "a-"), característico do árabe. Por fim, estima-se que existam entre 400 e 1000 empréstimos árabes na língua portuguesa, e as palavras de origem árabe, de várias esferas semânticas, são comuns no uso diário.
A escolha de obras de autores contemporâneos parece lógica não só para se avaliar o impacto da língua árabe nos idiomas turco e português no contexto atual, mas igualmente a fim de obter resultados mais autênticos e alinhados com o uso linguístico atual. Por esse motivo, foram selecionadas obras de escritores contemporâneos de renome: o autor português José Saramago (Ensaio Sobre A Cegueira) e o autor turco Orhan Pamuk (Kafamda bir Tuhaflık), juntamente com suas respectivas traduções para o turco e o português.
A análise de 30 páginas da obra "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago revela um total de 9.470 palavras. Em relação à origem das palavras analisadas, 9.171 têm origem latina, o que representa 97% do total, tornando o latim, de longe, a língua dominante em relação a outras origens de palavras. As restantes, que não têm origem latina, são encontradas nas outras 299 palavras, correspondendo a 3% do total das palavras na obra "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago.
As palavras de origem não latina na obra de José Saramago, "Ensaio Sobre a Cegueira," têm uma grande variedade de origens linguísticas, incluindo a anglo-saxônica, francesa, árabe, castelhana, catalã, italiana, basca, inglesa, franca, holandesa, gaélica, portuguesa, germânica, gótica, grega, ibérica, céltica, kimbundu, crioula cabo-verdiana, alemã, francês, português, provençal, catalão, de origem onomatopeica, de origem discutível e origem desconhecida.
Isolando as palavras de origem árabe ou de origem árabe mista dessas 299 palavras que pertencem a Outras Origens, obtemos um número de apenas 22 palavras, o que representa apenas 7% das palavras de Outras Origens.
Tendo em conta todos os dados fornecidos, é possível fazer uma divisão principal das palavras na obra "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago, relevante para o tema do trabalho, da seguinte forma: palavras de origem latina (96,84%), palavras de outras origens (2,93%) e palavras de origem árabe (0,23%).
Quando excluímos as repetições das mesmas palavras de entre essas 22 palavras de origem árabe, obtemos 9 palavras. Além disso, dessas 9 palavras, 6 são substantivos (66%), enquanto as outras 3 são de diferentes classes gramaticais: um verbo, uma preposição/advérbio e uma interjeição (cada uma com 11%). Com base nesses dados, é razoável concluir que a maioria das palavras de origem árabe na obra são substantivos.
No que diz respeito aos campos semânticos, os mais representados são os campos semânticos "Casa e habitação" (22%, 2 palavras) e "Emoções e estados psicofísicos" (22%, 2 palavras), seguidos pelo "Mundo vegetal", "Gramática", "Religião", "Comida e bebida" e "Exército" (cada campo com 11% ou seja 1 palavra).
A tradução da obra de Orhan Pamuk "Kafamda bir Tuhaflık" para o português "Uma Estranheza em Mim", foram incluidas as 30 páginas, analisadas neste trabalho e contêm um total de 9134 palavras. Quanto à origem das palavras analisadas, a maioria delas tem origem no latim, mais precisamente 8308 palavras, o que representa 91% do total de palavras. No que diz respeito às palavras de outra origem que não é o latim, há um total de 826, correspondendo a 9% do total de palavras na tradução da obra de Orhan Pamuk, "Uma Estranheza em Mim", do turco para o português.
Assim, sobre a seção "Outras origens", é importante destacar que se trata de palavras que não têm origem latina, mas sim as seguintes origens: anglo-saxônica, francesa, árabe, arménia, persa, turca, avéstica, basca, inglesa, franca, castelhana, provençal, antigo francês, italiana, gaulesa, germânica, catalã, gótica, grega, hebraica, celta, húngara, alemã, malaia, chinesa, holandesa, urdu, suméria, tsonga, ugro-finlandesa e onomatopeica. Além de palavras do francês medieval, de palavras de períodos linguísticos antigos do português, alemão, inglês, castelhano, grego, do dialeto Rumeliano e outras de origem desconhecida.
Se isolarmos as palavras de origem árabe ou de origem árabe mista das 826 palavras que pertencem a "Outras origens", obteríamos um total de 76 palavras. No entanto, ao considerar nomes próprios e topónimos de origem árabe que aparecem nesta tradução, teríamos um total de 326 palavras, o que representaria uma porcentagem significativa de 39% das palavras de "Outras origens". No entanto, é importante notar que nomes próprios e topónimos não são traduzidos e não são considerados parte do léxico árabe na língua portuguesa, por isso, essas 237 palavras devem ser excluídas desta análise. Portanto, a porcentagem real de palavras de origem árabe dentro de "Outras origens" é de 9%.
As outras palavras de "Outras origens", que totalizam 513, representam 62% das palavras de "Outras origens". Levando em consideração todos os dados relacionados com a origem das palavras nas primeiras 30 cartas da tradução da obra de Orhan Pamuk, "Uma Estranheza em Mim", é possível fazer uma divisão dessas palavras de acordo com a origem relevante para o tema do trabalho, que é a divisão em palavras de origem latina (91%), outras origens (8%) e origem árabe (1%).
Quando excluímos as palavras de origem árabe que se repetem, restam 15 palavras de origem árabe presentes nesta obra. Sendo que, 11 das 15 palavras são substantivos (73%), uma palavra pode ser um substantivo ou um adjetivo (7%), duas palavras são adjetivos (13%), e uma palavra pode ser uma preposição ou um advérbio (7%). Com base nestes dados, é razoável concluir que a maioria das palavras de origem árabe nesta obra são substantivos, como no caso da obra de José Saramago, "Ensaio Sobre a Cegueira".
No que diz respeito aos campos semânticos, o campo semântico mais representado é "Comida e Bebida" (33%, 5 palavras), seguido por "Administração e Direito" (20%, 3 palavras), "Religião" (13%, 2 palavras), "Negatividade, Falha" (13%, 2 palavras), "Gramática" e "Cores", "Vestuário, Calçados, Joias, Moda" (cada um com 7%, 1 palavra).
As 30 páginas analisadas da obra de Orhan Pamuk, "Kafamda bir Tuhaflık," contêm um total de 6724 palavras. Em relação à origem das palavras analisadas, 3966 delas são de origem turca (59% do total de palavras), tornando a origem turca dominante em relação às outras origens presentes na obra. As restantes, que não são de origem turca, são encontradas nas restantes 2758 palavras, representando 41% do total de palavras em relação à sua origem na obra "Kafamda bir Tuhaflık" de Orhan Pamuk. As palavras de origem não turca na obra de Orhan Pamuk, "Kafamda bir Tuhaflık," têm as seguintes origens: arménio, inglês, francês, grego antigo, húngaro, mongol, grego moderno, turco moderno, persa, médio persa, urdu, russo, sogdiano, grego medieval, turco medieval, inglês antigo, germânico primitivo, sumério, italiano, latim, turco, uigur, árabe, onomatopeica e origem desconhecida.
Isolando as palavras de origem árabe ou de origem árabe mista das 2758 palavras que pertencem a Outras Origens, obtemos um total de 1334 palavras, o que representa 48,4% das palavras de outras origens. Considerando todos os dados mencionados, é possível fazer uma divisão das palavras na obra de Orhan Pamuk "Kafamda bir Tuhaflık" relevante para o tema do trabalho, dividindo-as em palavras de origem turca (58,5%), palavras de origem árabe (20,3%) adicionando-se a este grupo as palavras de origem diferente (21,2%).
Quando excluímos as palavras de origem árabe que se repetem, chegamos a um total de 273 palavras. Além disso, 188 das 273 palavras obtidas são substantivos (69%), 11 são verbos (4%), 18 são adjetivos (6%), 4 são partículas (1%), 2 são preposições (1%), 5 são advérbios (2%), 7 são interjeições (3%), 3 são conjunções (1%), uma é um pronome, e 34 são palavras de natureza mista (13%). Com base nesses dados, é possível concluir realisticamente que a maioria das palavras de origem árabe na obra é, de facto, substantivos.
No que diz respeito aos campos semânticos, o campo semântico mais predominante é "Administração e Direito" (14%, 38 palavras), seguido por "Religião" (10%, 27 palavras), "Comunicação e Comportamento" (10%, 26 palavras), "Emoções e Estados Psicofísicos" (9%, 24 palavras), "Indivíduo (psicológico e físico)" (7%, 18 palavras), "Cálculo, Quantidade, Medição" (6%, 17 palavras), "Relações Sociais, Familiares e Outras" (5%, 15 palavras), "Nomes" (5%, 13 palavras), "Ofício, Material, Dinheiro" (5%, 13 palavras), "Comida e Bebida" e "Gramática" (4%, 11 palavras), "Local, Espaço, Localização" (4%, 9 palavras), "Costumes e Crenças Populares" (3%, 8 palavras), "Tempo (literal e figurado)" (3%, 7 palavras), "Exército" (3%, 7 palavras), "Ciência" (2%, 6 palavras), "Cores" (2%, 5 palavras), "Vestuário, Calçado, Joias, Moda" (1%, 4 palavras), "Casa e Habitação" (1%, 4 palavras), "Vida Pública, Cotidiana" (1%, 4 palavras), "Negatividade, Falha" (1%, 3 palavras), "Som" (2 palavras) e "Mundo Animal" (1 palavra).
A tradução da obra de José Saramago para o turco, Körlük, ou seja, as 30 páginas analisadas neste estudo, contêm um total de 7318 palavras. Em relação à origem das palavras analisadas, a maioria delas é de origem turca, mais precisamente 4569 delas, o que corresponde a 62% do total de palavras. Quanto às palavras de outras origens, 1028 são de origem árabe (14%), enquanto 1722 têm outras origens (24%), que incluem: arménio, inglês, francês, latim, grego antigo, grego, português, francês antigo, hebraico, quirguiz, mongol, turco moderno, persa, russo, sogdiano, grego medieval, turco medieval, persa antigo, universal, italiano, turco, uigur, veneziano e de origem onomatopeica. Levando em consideração todos os dados relacionados com a origem das palavras nas primeiras 30 páginas do texto da tradução da obra de José Saramago, Körlük, é possível fazer uma divisão dessas palavras de acordo com a origem relevante para o tema deste trabalho. Essa divisão inclui palavras de origem turca (62%), de origem diferente (24%) e de origem árabe (14%).
Quando as palavras de origem árabe que se repetem são excluídas, restam 200 palavras de origem árabe. Além disso, 130 das 200 palavras são substantivos (65%), 3 são partículas (1%), 19 são adjetivos (10%), 8 são verbos (4%), 8 são advérbios (4%), 4 são conjunções (2%), e as outras 27 palavras representam 14%. Com base nesses dados, é possível concluir que a maioria das palavras de origem árabe é substantivos, como tem sido o caso em todas as obras analisadas até agora.
Em relação à divisão por campos semânticos, o campo semântico mais predominante é "Administração e Direito" (14%, 27 palavras), seguido por "Emoções e Estados Psicofísicos" (12%, 23 palavras), "Comunicação e Comportamento" (11%, 21 palavras), "Ciência" (8%, 16 palavras), "Relações Sociais, Familiares e Outras" e "Indivíduo (psicológico e físico)“ (7%, 14 palavras), "Gramática" (7%, 13 palavras), "Tempo (literal e figurado)" (7%, 13 palavras), "Cálculo, Quantidade, Medição" (6%, 12 palavras), "Oficio, Material, Dinheiro" (5%, 10 palavras), "Religião" (5%, 9 palavras), "Localização, Espaço, Lugar" (3%, 6 palavras), "Vestuário, Calçados, Joias, Moda" (2%, 4 palavras), "Negatividade, Falta" e "Casa e Moradia" (2%, 4 palavras), "Costumes e Crenças Populares" (2%, 3 palavras), "Cores", "Exército" e "Vida Pública e Cotidiana" (2 palavras cada), "Mundo Animal" (1 palavra).
O árabe, embora em circunstâncias diferentes e em graus desiguais, deixou uma marca significativa tanto no turco quanto no português. As características da influência árabe nesses dois idiomas são diferentes, assim como as circunstâncias sob as quais ela ocorreu. Embora a pesquisa preliminar para este trabalho tenha indicado, em geral, mais fontes de influência lexical árabe no contexto do português, a análise em si mostrou que o léxico árabe permaneceu mais presente no turco, o que não é surpreendente, considerando os fatores históricos da sua influência, que são mais duradouros e homogéneos no turco.
No que diz respeito à presença do léxico árabe no português, considerando as obras "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago e a tradução de Orhan Pamuk "Uma Estranheza em Mim" para o português, a contribuição total do léxico árabe em ambas as obras juntas é de apenas 0,6%, o que é uma porcentagem relativamente insignificante, especialmente quando comparada com a obra "Kafamda bir Tuhaflık" de Orhan Pamuk e a tradução de José Saramago "Körlük", onde a contribuição total do léxico árabe é de 17%.
No que diz respeito à representação por campos semânticos, também se nota a escassez de léxico árabe no português em comparação com o turco. Há 12 campos semânticos presentes nas obras em português, sendo o campo "Comida e Bebidas" o mais proeminente, uma vez que o português não possui equivalentes suficientemente bons para o léxico árabe pertencente a esse campo semântico.
No turco, a situação em relação aos campos semânticos é duas vezes mais rica, com o léxico árabe estendendo-se por um total de 23 campos semânticos nas obras em turco. As palavras árabes são mais evidentes nos campos semânticos de "Administração e Direito", "Emoções e Estados Psicofísicos" e "Religião". Isso não é surpreendente, dado que o árabe ainda é a língua do Islão, foi a língua da elite otomana e da literatura, o que proporcionou uma base para o desenvolvimento no campo semântico das "Emoções e Estados Psicofísicos".
Embora a representação seja diferente nos dois idiomas, é inegável que o árabe deixou uma marca indelével tanto no turco quanto no português. |